Rota do Rio Torto

Partindo do mais antigo testemunho da presença humana no concelho de Gouveia, a Anta da Pedra da Orca, este percurso propõe conhecer os ambientes em torno de Rio Torto, onde encontramos uma multitude de particularidades ambientais e patrimoniais de elevado interesse. 

Acompanhados pelo Rio Torto, ao qual a localidade foi buscar o seu topónimo, calcorreamos e utilizamos as diferentes estratégias que o ser humano adotou na relação com esta importante linha de água, visíveis, desde logo, nas poldras de tempos imemoriais e na ponte medieval que serviam para transpor as margens deste elemento aquífero. Adiante, um pequeno casal agrícola da época moderna, abandonado, transparece ainda a complexa relação com a água, desde a perspetiva agrícola, onde as levadas de água que conduziam até ao moinho de rodízio, nos demonstram o aproveitamento da sua força para moer o cereal, que por sua vez encontrava no forno próximo, do séc. XVII, o seu fim de vida, antes de matar a fome dos caseiros deste lugar. A relação destas comunidades rurais estabelecia-se ainda no momento da morte, visíveis nas necrópoles e sepulturas rupestres que ainda encontramos na propriedade conhecida como Monte Aljão.

Esta transformou-se de villa romana em aglomerado populacional na Alta Idade Média, período ao qual remonta a necrópole do Monte Aljão. Apesar de abandonada na Idade Média, o Monte Aljão manteve uma ligação próxima com a comunidade do concelho de Gouveia, inclusivamente, referindo nos forais de Gouveia, onde o rei garantia aos gouveenses, que nesse local poderiam pascentar, lavrara e montar na maneira que até então fizeram, pagando apenas o dízimo a Deus. 

Esta prosperidade, fruto das condições ambientais proporcionadas pelo vale do Rio Torto, encontra ainda equivalências nos solares e propriedades nobiliárquicas, que contrastam com as habitações da arquitetura vernacular e etnográfica no centro da freguesia, onde o tempo ainda corre ao sabor da leveza do tempo e do bucólico ambiente rural em torno de Rio Torto.