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Um Mural para João Abel Manta

“Um Mural para João Abel Manta” é um concurso único lançado a 2 de novembro de 2022, durante a exposição “O Retrato em João Abel Manta- Perfis para as Selectas”, realizada no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, em Gouveia, entre 12 de agosto e 31 de dezembro do mesmo ano.

O Júri do concurso, presidido pela Arquiteta Isabel Manta, filha de João Abel Manta, Pedro Piedade Marques, curador da exposição “O Retrato em João Abel Manta – Perfis para as Selectas” e José Nuno Santos, Vereador da Cultura do Município de Gouveia, que selecionou a proposta vencedora de entre as 9 que estiveram a concurso. O resultado divulgado a 25 de abril de 2023.

Este concurso teve como objetivo deixar uma marca na cidade de Gouveia que recordasse os mais velhos e despertasse a curiosidade aos mais novos por um artista plástico tão completo e diversificado como foi João Abel Manta. O artista gráfico que, através dos seus desenhos, refletiu sobre o nosso país, de antes, durante e depois de 25 de abril de 1974.
Porquê Gouveia? Pelas suas ligações familiares à, então, vila que viu nascer seu pai – o pintor modernista Abel Manta (1888-1982) -, a quem é dedicado o museu que ajudou a fundar em 1985. Com efeito, João Abel Manta é o principal doador da coleção inicial de arte moderna e contemporânea do Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, à qual juntou, já em 2001, uma significativa mostra da sua obra gráfica, tornando este Museu o detentor do maior acervo existente no país de cartazes seus.
O autor da pintura mural é João Miguel Santos (João Migwel), que criou uma composição sobre desenhos de João Abel Manta.

João Migwel (1996) nasceu em Lisboa, cidade onde vive e trabalha. Licenciado em Design pelo IADE (2019), passou também pelo curso de Ilustração e Banda Desenhada do ARCO. A pintura mural faz parte do seu ADN desde a adolescência e, em 2017, em conjunto com outros amigos, cria o coletivo de artistas multidisciplinares Malibu Ninjas, onde se tem debruçado sobre várias técnicas e materiais em prol da sua produção artística.

Nota biográfica

João Abel Carneiro de Moura Abrantes Manta nasceu em Lisboa a 29 de janeiro de 1928, filho único dos artistas Abel Manta e Maria Clementina Carneiro de Moura Manta.

Começou a expor desenhos na II Exposição Geral de Artes Plásticas da SNBA, em Lisboa, em 1947 (exporia nas EGAPs até 1953). No ano seguinte, em virtude do seu envolvimento nas actividades políticas da secção Juvenil do MUD (Movimento de Unidade Democrática), será preso em Caxias pela PIDE.

Formou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1951. Com Alberto Pessoa e Hernâni Gandra, foi responsável pelo conjunto habitacional da Avenida Infante Santo, em Lisboa (1952-1955), e, com o primeiro, pelo edifício da Associação de Estudantes de Coimbra (1954-1959), de que também concebeu os painéis de azulejos. Participou na exposição de arquitectura portuguesa em Londres, 1956.

Como desenhador, começou a expor internacionalmente em 1953, na II Bienal de São Paulo, a que se seguiu a Mostra de Lugano (Suíça) “Bianco e Nero” (de 1954 a 1960) e a Bienal de Tóquio (1964).

A partir de meados da década de 1950, começou uma intensa actividade como ilustrador de livros e colaborou com o breve projecto da revista Almanaque (1959-1961).

Em 1961, na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, conquistou o primeiro prémio de desenho (em 1969 ganharia, também para a Gulbenkian, o concurso para a tapeçaria do Salão Nobre).
A sua consagração internacional nas artes gráficas chegou em 1965, na IBA Internationale Buchkunst-Ausstellung, a exposição internacional de artes do livro de Leipzig (RDA), ano em que foi seleccionado para a exposição Graphik aus fünf Kontinenten (Artes gráficas nos cinco continentes) e em que conquistou a medalha de prata. Voltou a ser premiado na IBA em 1977.

No final da década de 1960, começou a colaborar regularmente com o Diário de Lisboa como cartoonista, criando desenhos humorísticos para vários suplementos do jornal, actividade sob vigia permanente da Censura e que só foi interrompida pelo processo movido pelo Estado contra ele e o director do vespertino após a publicação do poster “Festival”, em Novembro de 1972. Sem publicar no jornal em 1974, retomou a colaboração após a Revolução, e, alargando-a a outros jornais (Diário de Notícias, Sempre Fixe, O Jornal), continuou-a até 1978. A sua produção de desenhos para a imprensa até 1975 ficou fixada no álbum Cartoons 1969-1975.

Em 1972, a edição de Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires, com ilustrações suas, tornou-se um sucesso de vendas, após uma acesa discussão sobre o livro entre a ala liberal e os “ultras” na Assembleia Nacional.

No início da década de 1970, começou a expor pintura, actividade que parou logo após a Revolução. Ficou conhecido então também pelas cenografias e figurinos para algumas peças de teatro.

Durante o Período Revolucionário, os seus cartazes para o MFA (Movimento das Forças Armadas) destacaram-se, em particular o “MFA,Povo”.

Após o 25 de Novembro de 1975, reduziu drasticamente as suas colaborações com a imprensa e, em Londres (onde expôs no ICA Institute of Contemporary Arts, em 1976), concentrou-se na criação das Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar, um álbum que saiu em 1978, para aclamação geral.

Depois da direcção artística e ilustração dos primeiros números do Jornal de Letras, Artes e Ideias, em 1981, pôs um fim à actividade como gráfico e dedicou-se, quase em exclusividade, à pintura.

À sua obra gráfica foi dedicada uma grande exposição em 1992, no Museu Bordalo Pinheiro em Lisboa, e em 2009 a sua obra pictórica mais recente foi exposta no Palácio Galveias.

Registo Fotográfico da execução do Mural

  • Autor: João Miguel Santos | https://www.instagram.com/joaomigwel/
  • Composição a partir de desenhos de João Abel Manta
  • Ano: 2023