“O Retrato em João Abel Manta – Perfis para as Selectas” é a grande exposição que pode visitar em Gouveia no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta.
Foi inaugurada no passado dia 12 de agosto a exposição única de João Abel Manta, intitulada “O Retrato em João Abel Manta – Perfis para as Selectas”.
Esta exposição constitui uma exibição inédita sobre o tema “retrato” no contexto geral da obra multifacetada de João Abel Manta. Pensada para o Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta, do qual este artista foi o principal doador, é, pois, a homenagem que faltava fazer nestes 37 anos de existência do Museu.
Estarão em exposição cerca de 200 peças, entre pintura, desenho e cartazes, com a estrutura da exposição dividida em cinco áreas dispositivas: Depois da grande guerra, entre lisboa e paris: os rostos da sua geração e do seu mundo; Dinossauros excelentíssimos: Salazar, Caetano e outras figuras do poder; “Uma coisa nunca vista”: os rostos da revolução; “Diálogos confidenciais”: um imenso museu imaginário em papel de livro e jornal e “Sou um pintor tardio”: retratos da memória, do mito e do sonho.
Além de peças existentes no Museu Abel Manta, serão exibidas peças provenientes do Museu de Lisboa e do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, bem como da coleção do próprio artista, algumas das quais nunca antes expostas.
A exposição produzida e coordenada pelo Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta tem a colaboração direta de João Abel Manta e sua família, a curadoria de Pedro Piedade Marques, o design gráfico de José Brandão/B2Design e a parceria do Museu de Lisboa e Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Lisboa.
A exposição estará patente no Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta até ao dia 16 de outubro de 2022.
“Na multidão de atividades que João Abel Manta (nascido em 1928) assumiu durante a sua longa vida – arquiteto, desenhador, ilustrador, cartoonista, figurinista e cenógrafo, pintor, designer de cartazes, capas de livros, selos, tapeçarias, azulejos e calçadas – uma manteve-se quase sem interrupção: a de retratista. Quer fixando os rostos dos amigos em Lisboa e Paris a partir da década de 1940 ou os rostos do Período Revolucionário de 1974-75, quer compondo retratos de figuras da política e da cultura nacionais e internacionais para publicação em livros, jornais e revistas, quer pesquisando na fisionomia do ditador português sinais para a possível compreensão dos nossos “anos de Salazar”, Manta foi um exímio retratista até ao momento em que deixou de pintar, catálogo pictórico esse onde, sem surpresas, se encontra também uma considerável série de notáveis retratos.
Esta exposição procura, pela primeira vez, destacar da imensa obra gráfica e plástica de João Abel Manta uma amostra significativa de obras com as quais, ao longo de mais de meio século, ele foi erigindo uma espécie de “panteão pessoal” de vivos e mortos, familiares e amigos, heróis e némesis, um “museu imaginário” que cedeu aos seus coevos e a nós, os seus herdeiros.
“Não se distorce a cara de um homem”, disse Manta há anos numa entrevista: estas dezenas de retratos de homens e mulheres provam que essa busca de uma verdade psicológica na essência dos retratados, velho mantra do Realismo de Columbano Bordalo Pinheiro, nunca abandonou o multifacetado artista, da mais simples caricatura para jornal à mais complexa composição pictórica, numa assombrosa variedade estilística e técnica e sem nunca abdicar de uma visão pessoal inconfundível” revela Pedro Piedade Marques, curador da exposição.