Como habitual, e em colaboração com o ICOMOS Portugal, o PATRIMÓNIO CULTURAL, I.P., entendendo o Património Cultural como um projeto de cidadania, apelou à participação de todos os parceiros na comemoração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, através da realização de atividades que sensibilizem os diversos públicos para a importância da preservação, salvaguarda e valorização do Património Cultural, com o Município de Gouveia a responder “presente”, uma vez mais, a esta chamada.
O tema “Catástrofes e conflitos à luz da Carta de Veneza” convidou a refletir o Património Cultural partilhado que emana desta convenção internacional, no ano em que celebra 60 anos, e que papel ainda desempenha na atualidade.
A Carta de Veneza foi adotada em 1964, e apresenta os princípios internacionais orientadores da conservação e do restauro dos monumentos históricos, entendendo que “a conservação e restauro de monumentos visa salvaguardar tanto a obra de arte como o testemunho da história” (artigo 3.º). Seis décadas depois, o mundo enfrenta uma emergência climática, um número crescente de catástrofes naturais e conflitos, que levam à destruição de locais culturais e à deslocação em massa de populações.
Testemunhos vivos de tradições seculares de um povo, os monumentos históricos são um património comum, que urge salvaguardar para as gerações futuras, com toda a riqueza da sua autenticidade.
Desta forma, uma vez mais, o Município de Gouveia associou-se à data, celebrada localmente com um grupo de 25 pessoas, através de uma caminhada de cerca de 6 km, orientada pelos espaços do Património Industrial da cidade, especialmente ligados à produção de energia hidrelétrica, ressalvando a relevância deste bem precioso que teve, ainda, um papel central no desenvolvimento industrial da cidade. A caminhada orientada foi acompanhada pela narrativa sobre as alterações que a envolvente ambiental sofreu e o seu impacto na indústria têxtil local, nomeadamente visível na ligação com a água e a produção elétrica.
A industrialização de Gouveia, intimamente ligada à água como recurso energético foi um dos fatores cruciais para o desenvolvimento da lucrativa atividade económica, que no final do séc. XIX era o sexto centro de faturação industrial do país. Esta memória vive de várias formas, até como símbolos da identidade cultural local, como na heráldica onde três rodízios de prata centram o brasão da localidade, eternizando a ligação de Gouveia à água e ao seu papel no desenvolvimento industrial. As transformações da ribeira Ajax, que perdeu força a partir da década de 1940 levou a novas estratégias de produção elétrica e que foram encontradas, estando hoje presentes como testemunhos patrimoniais que foram visitados entre o Jardim da Ribeira, o Parque da Ex-Bellino & Bellino e da Casa da Luz.