Município de Gouveia reabilita edifício histórico para criar a “Casa da Vivência Judaica”

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18 de Agosto, 2020

Encontram-se a decorrer as obras de recuperação do imóvel conhecido como “Casa do Passadiço”, edifício histórico situado num dos mais icónicos bairros da cidade de Gouveia, o bairro da Biqueira, para albergar a “Casa da Vivência Judaica”.

A Casa do Passadiço situa-se no bairro da Biqueira, na cidade de Gouveia, ou seja, no coração da judiaria de Gouveia. Este edifício histórico funcionou, por tempos imemoriais, como um local de passagem, comunicação e interação social entre os habitantes de dois dos mais icónicos bairros da cidade: o bairro do Castelo e o bairro da Biqueira.

A intervenção neste imóvel irá permitir destinar a “Casa do Passadiço” ao funcionamento da “Casa da Vivência Judaica”, um futuro espaço museológico dedicado ao património judaico que irá constituir um excelente ponto de partida para o conhecimento do património judaico de todo o concelho de Gouveia. Este espaço, que terá características singulares, irá cativar visitantes e turistas a vir descobrir e conhecer património rico e evocativo da presença judaica em Gouveia.

O projeto inclui a criação de três salas, enriquecidas com marcas de simbologia judaica do concelho, relacionadas com três itinerários distintos: um em Gouveia, dedicado à judaria medieval, um na freguesia de Melo, relacionado com o tema da inquisição e outro da aldeia de Folgosinho, que se prende com o tema do criptojudaísmo.

Estas três salas serão enriquecidas com marcas da simbologia judaica do concelho, nomeadamente de artefactos arqueológicos que o Município de Gouveia tem à sua guarda como, por exemplo, as inscrições hebraicas que atestam a construção da última sinagoga na Península Ibérica, antes do edito de conversão obrigatória de D. Manuel, em 1496; a padieira de uma habitação; ou, até mesmo, uma estela sepulcral com a Estrela de David, em relevo.

A segunda sala será dedicada às entradas da inquisição em Gouveia, pois, no seguimento de um levantamento realizado pelo Município de Gouveia, foram identificados 112 processos relativos a indivíduos naturais ou moradores do concelho, cuja memória será garantida e preservada no espaço.

Por último, a terceira sala, a denominada “sala de fogo”, irá possuir uma experiência sensorial, onde será contada a história da morte de 3 cristãos-novos naturais de Gouveia, falsamente acusados da destruição de uma imagem sagrada; episódio que despoletou a construção da Capela de Santa Cruz, erguida pelos frades franciscanos desta localidade como forma de arrependimento por esse crime.