Cardia com Vida

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7 de Agosto, 2023

A “Rua da Cardia”, em Gouveia, vai ganhar uma nova vida.
A partir de hoje, dia 7 de agosto (segunda-feira), a “Rua Cardeal Mendes Belo”, também conhecida por “Rua da Cardia”, irá passar a ser temporariamente um troço pedonal, com o Município de Gouveia a decorar e a tornar mais convidativa uma das artérias mais emblemáticas da cidade.

A decoração estará diretamente ligada a diversas personalidades associadas a esta rua, que são evocadas nesta iniciativa, nomeadamente o Cardeal Mendes Belo, Eduardo Lobo Correia de Barros – Beldemónio, Albano Bellino e Abel Manta. Estas figuras são ilustres gouveenses, todos já falecidos, personalidades de grande destaque, que, pelo seu mérito, honraram a cidade e o concelho de Gouveia.

A iniciativa “Cardia com Vida” insere-se no âmbito de uma estratégia comercial e cultural do município, e constitui uma forma de atração, convidando a uma visita e a um passeio por aquela que é, uma das principais ruas de comércio e serviços da cidade.
A diversidade cultural de Gouveia e as figuras ilustres que a habitaram, fazem do concelho um palco de história e de conhecimento a ser apreciado por quem cá reside e por quem nos visita.

O objetivo da ação “Cardia com Vida” é reforçar a capacidade de atração de visitantes e turistas ao território, neste período festivo e de verão, decorando-o e animando-o, dando assim um colorido e uma visibilidade diferentes à cidade, que contará com momentos de animação cultural na rua.

Esta iniciativa vai prolongar-se até à primeira quinzena de setembro.

 

BIOGRAFIAS

Cardeal Mendes Bello
António Mendes Bello nasceu a 18 de junho de 1842 e faleceu em Lisboa, a 5 de agosto de 1929, foi o décimo-terceiro Patriarca de Lisboa com o nome de D. António I. Era filho de Miguel Mendes Bello e Rosalina dos Santos de Almeida Mota. Foi ordenado diácono a 17 de dezembro de 1864 e padre em 10 de Junho de 1865. Foi sucessivamente governador dos bispados de Pinhel (1874), de Aveiro (1881) e arcebispo-titular de Mitilene (1883).
Foi consagrado em 27 de abril de 1884, e transferido para a Sé de Faro, com o título de Arcebispo ad personam a 13 de novembro de 1884. Em 19 de Dezembro de 1907 é elevado a dignidade de Patriarca de Lisboa. Designado cardeal in pectore no Consistório convocado por Pio X em 27 de novembro de 1911, o panorama político português impediram-no de receber o chapéu cardinalício, imediatamente, sucedendo-se a sua entrega em 1914, após participação no Conclave eletivo de Bento XV. Recebeu deste papa o chapéu vermelho, com o título de Santos Marcelino e Pedro. Foi o 568.º Grã-Cruz da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa em 1897.

Eduardo Lobo Correia de Barros – Beldemónio
Nasceu em Gouveia a 10 de dezembro de 1857 e faleceu em Lisboa a 18 de dezembro de 1893. Foi cronista, contista, jornalista e tradutor. Filho de Vitorino Lobo Correia de Barros e de Constança de Jesus. Entre 1868 a 1871 frequenta o Seminário e o liceu de Coimbra, regressando a Gouveia para lecionar após conclusão liceal em 1872 e em 1873 ingressa no Porto para manter as funções de professor. É na cidade Invicta, em 1876, que se estreia no jornalismo, pela redação do regenerador “Jornal da Manhã”, pertencente a Mota Ribeiro. Daqui passa para o “O Comércio Português”. Até aos 36 anos de vida, quando falece, dedica-se copiosamente à publicação de revistas, periódicos e traduções, de forma efervescente, granjeando imensos inimigos e detratores, que ainda assim não apagam o brilhantismo intelectual do Beldemónio.

Albano Bellino
Albano Ribeiro Bellino foi arqueólogo, poeta, epigrafista, etnógrafo e jornalista. Fundou o museu do Convento de São Francisco em Guimarães, e foi um ardente defensor da criação dum museu de arqueologia em Braga, que só viria a ser criado 12 anos após a sua morte. Nascido em Gouveia a 18 de dezembro de 1863, faleceu em Guimarães, a 2 de dezembro de 1906. Autodidata sem qualquer diploma, chegou a Guimarães em julho de 1876, com 13 anos, para ser aprendiz caixeiro numa tabacaria. O cónego António Joaquim de Oliveira Cardoso, poeta e dramaturgo, cliente da tabacaria, tratou pessoalmente da sua formação. Colabora nos jornais de Guimarães (Religião e Pátria, Memória, Comércio de Guimarães) e tornando-se correspondente, do Jornal da Manhã, do Porto. Em dezembro de 1885 organizou, com Albano Pires, as comemorações do 7. ° centenário da morte de D. Afonso Henriques em Guimarães. No ano seguinte, participa na criação da Grande Comissão de Melhoramentos da Penha, de que foi o primeiro presidente. Fundou em 1890, o museu de arte sacra do Convento da ordem terceira de São Francisco em Guimarães. Em 1891, mudou-se para Braga, ao casar com Delfina Rosa, sobrinha do Cónego seu protetor. Em 1894, inspirado na obra de Martins Sarmento, dará início a sua atividade de arqueólogo e epigrafista, tendo em particular atenção os vestígios de Bracara Augusta. Publicou, vasta obra, inestimável para o conhecimento da História de Braga e região.

Abel Manta
Pintor do primeiro modernismo português, Abel Manta nasceu em Gouveia, a 12 de outubro de 1888. Frequentou o curso de pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, que concluiu em 1915. Terminada a 1ª Grande Guerra Mundial, rumou a Paris em 1919, para prosseguir a sua formação artística e expor. Regressou a Lisboa em 1925 e, no ano seguinte, ensinava numa escola técnica da cidade do Funchal. De novo em Lisboa, em 1927 casou com a pintora Clementina Carneiro de Moura e, em 1928 nasceu o único filho do casal, João Abel.
Prosseguiu a sua carreira de professor, em paralelo com a de pintor. Distinguido com vários prémios individuais, foi responsável pela imagem de Portugal em diversas exposições nacionais e internacionais, como a exposição de Sevilha, em 1929 e Paris, em 1931 e 1937. Morreu em Lisboa, a 9 de agosto de 1982.

Mário Tácito Pinto Ribeiro
Jornalista e escritor, nascido a 15 de maio de 1884, em Gouveia, localidade onde veio a falecer a 12 de junho de 1904, com apenas 20 anos de idade, vítima de tuberculose.
Filho de António Pinto de Sousa, um conceituado comerciante, e de Maria Benedita de Almeida Ribeiro e Pinto, pessoa ilustre, Pinto Ribeiro concluiu apenas os estudos oficiais do 4. º grau, mas a escassa formação académica não o impediu de uma carreira literária relevante, apesar de muito curta.
Possuidor de uma larga cultura intelectual, conquistada por uma robusta inteligência e dotes de um incansável trabalhador, Pinto Ribeiro foi um autodidata. A influência da mãe e as leituras vastas e variadas terão sido as fontes de erudição para os seus escritos.
O primeiro texto que lhe é publicamente conhecido remonta a 19 de agosto de 1900 e foi publicado no “O Hermínio”, jornal gouveense no qual colaborou, tal como fez em “O Trabalho”, “A Voz Pública” e “A Alvorada”, estes dois últimos do Porto e Vila Nova de Gaia respetivamente.
Colaborou também com jornais estrangeiros, nomeadamente espanhóis, chegando a conseguir notoriedade no país vizinho.
Mais tarde fundou o jornal “A Evolução”, cujo primeiro número foi publicado a 9 de maio de 1901, tendo vindo a ser diretor e proprietário da Biblioteca Moderna.
Para além de escrever para jornais e revistas publicou ainda diversas obras, nomeadamente “Pelo Abismo”, “Estudos e Panegíricos, “Contos Novos” (traduções), “O Poder Temporal dos Papas”, “Feira da Ladra”, “Notas de um Ledor de Cartapácios”, “Descobrimento e Conquista do Peru”, “Os Nossos Maiores”, “Os Braganças” e “Sulamita”.