A equipa cruza, de forma simples e desarmante, dois mundos improváveis: o teatro e o basquetebol. Sozinho em palco, Rui M. Silva provoca um encontro entre si próprio e a sua memória, convidando o público a acompanhá-lo nessa jornada. Uma viagem ao (seu) passado, que é simultaneamente uma reflexão sobre o presente e o papel da memória na construção da identidade de cada um.
À medida que se desfiam as histórias do passado, vai-se também interpelando o presente e a própria vida. Este diálogo entre duas épocas encerra igualmente um confronto físico do ator com o seu próprio corpo, que já não é o mesmo — um corpo que fazia e que, hoje, já não consegue fazer. Partindo de uma realidade concreta — uma equipa de basquetebol juvenil de uma pequena cidade —, constroem-se pontes para a forma como nos organizamos socialmente, como nos relacionamos uns com os outros, e como nos construímos enquanto indivíduos.
Eis um espetáculo sobre a importância e a força do coletivo, no qual a utopia é eleita como um caminho para a superação. Neste encontro, são partilhadas as dores da perda e os alicerces que sustentam a construção de identidades pessoais e comunitárias. No final assiste-se a uma celebração, a uma ode à vida, sem lugar nem tempo. O texto de Afonso Cruz foi escrito a partir dos relatos dos antigos basquetebolistas da Ovarense.
Texto: Afonso Cruz
Direção, criação e interpretação: Rui M. Silva
Desenho de luz: Nelson Valente
Sonoplastia: Duarte Moreira
Produção executiva: Luna Rebelo e Raquel Sousa
Coprodução: Centro de Arte de Ovar / Câmara Municipal de Ovar