Marcelo Rebelo de Sousa visita Gouveia para inaugurar a Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre

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27 de Setembro, 2024

A Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre será inaugurada, no próximo dia 03 de outubro, por Sua Excelência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A cerimónia terá lugar pelas 15h00, na freguesia de Melo, aldeia natal do escritor, e integra a programação da 3.ª edição do Festival Literário Em Nome da Terra, que decorrerá nesta freguesia de 02 a 06 de outubro.

Vergílio Ferreira (1916-1996) nasceu em Melo, concelho de Gouveia e pertence, indubitavelmente, ao grupo dos mais importantes escritores e pensadores de língua portuguesa do Século XX. Na sua vasta bibliografia – dividida em ficção, ensaio e diário – encontramos cerca de meia centena de títulos.

Contrariamente a tantos outros escritores portugueses (Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Aquilino Ribeiro, Fernando Pessoa, Ferreira de Castro, Miguel Torga ou Fernando Namora), o autor de Aparição não possuía, até ao momento, uma Casa com o seu nome. Consciente dessa lacuna, o Município de Gouveia decidiu adquirir a casa, que foi outrora dos pais de Vergílio Ferreira, à então proprietária e sobrinha do escritor, Filomena Rodrigues, aquando das Comemorações do Centenário do Nascimento do autor de Até ao Fim, que decorreram entre 28 de janeiro de 2016 e 28 de janeiro de 2017.

Após ter sofrido algumas obras de reabilitação, a Casa Vergílio Ferreira-Para Sempre será agora uma realidade, assumindo-se como um espaço inovador, tendo como centro temático a obra literária do autor, sem esquecer a relevância que outras artes- pintura, música, cinema- nela encontram.

A casa que inspirou a do universo imaginário de Para Sempre e da sua continuação epistolar, Cartas a Sandra, deu lugar à Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre, a qual tem por objetivo, como assinalamos, celebrar a obra literária e o pensamento do autor, bem como a importância da aldeia natal de Melo e do espaço envolvente (montanha da Serra da Estrela) na sua escrita, tendo por missão divulgar e perpetuar o seu legado literário, estético e filosófico, em Portugal e no estrangeiro.

Na sua componente museológica, a Casa Para Sempre – Vergílio Ferreira almeja provocar no visitante, não apenas uma perceção, o mais completa possível, sobre a vida e a obra do autor de Aparição, mas também uma associação emocional e afetiva aos espaços interiores e exteriores da Casa.

Ao criar, igualmente, uma Residência Artística para acolher criadores de diferentes áreas das artes e das letras, pretende contribuir para o desenvolvimento do património cultural do concelho de Gouveia.

A Residência Artística ocupará, integralmente, o 2.º andar proporcionando aos criadores de diferentes artes a oportunidade de realizarem diferentes projetos artísticos.

A Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre e a sua Residência Artística celebrarão também, em moldes interdisciplinares, as particularidades da escrita vergiliana que, além de privilegiar o diálogo com a música e a pintura reflete, de igual modo, sobre a fotografia, o cinema, a escultura, o desenho satírico, o cinema e, obviamente, sobre a própria literatura.

A Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre procurará, assim, que o visitante usufrua, antes de mais, da experiência de um espaço habitado pela palavra e pelo pensamento do autor, espaço que detém uma “narrativa” em que habitar, como assinala Heidegger, é uma realidade contígua à de ser e construir. Ou agora nas palavras de Vergílio Ferreira: “Porque a palavra não existe senão como o espírito que a habita – mas cada espírito que a habita conforma-a à sua medida e ao seu gosto, como a uma casa em que a outrem sucedemos.” (1994: 298).

O Município de Gouveia pretende, assim, através deste projeto cultural valorizar e potenciar o turismo literário, na certeza de que uma sociedade desenvolvida, com um nível educacional cada vez mais elevado, conduz a uma política cultural responsável e mobilizadora.

Aliás, segundo David Herbert, os lugares literários “podem ser definidos de várias maneiras, mas adquirem significado, sobretudo, através do seu relacionamento com os escritores e as configurações dos seus romances. Esses lugares atraem turistas e integram a paisagem do turismo patrimonial.” (2001: 312). Uma casa de escritor, enquanto espaço museológico dinâmico, deve ainda “surgir aos olhos do público como um local de encontro e de aproximação entre pessoas, sejam elas parte do público ou especialistas nas matérias que o museu versa. Ele deve constituir um local neutro de divulgação, de diálogo, de liberdade de expressão, de troca de ideias, de discussão e, por tudo isso, de coesão social” (Oliveira 2018:15), ou seja, deve constituir-se enquanto espaço culturalmente dinâmico e aprazível, onde o visitante e/ou leitor vivencie experiências enriquecedoras e que, no que diz respeito à Casa Vergílio Ferreira – Para Sempre que fomente um maior conhecimento e apreciação do ficcionista, ensaísta e filósofo – afinal, um dos nomes maiores da literatura e do pensamento em língua portuguesa.