O Município de Gouveia atribuiu hoje a João José Afonso Madeira, o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2020, na categoria de romance, que concorreu com a obra “Senha Número Trinta e Quatro”, com o pseudónimo de Chlara De Thé.
João José Afonso Madeira (registo que assina todos os seus livros) nasceu a 21 de Novembro de 1956 no concelho da Covilhã, numa aldeia cuja pequenez se contrariava no seu nome – Ferro – e no horizonte feito da força sempre presente da Serra da Estrela. Ainda criança deu a mão a seus pais e com eles rumou a Lisboa, a cidade onde se fez homem e sobre a qual escreveu muitos dos seus textos em que a componente humana ao nível da classe média assumia especial relevo. Textos que se iam dispersando, perdendo mesmo, apesar de escritos nos curtos intervalos que os empregos, quantas vezes acumulados, lhe concediam. Vendedor, paquete, agente imobiliário, foi, porém, como coordenador informático na Banca que preencheu a sua vida profissional, entretanto cessada. Leitor constante, quase compulsivo, de muitos géneros e autores, assimilou de todos eles os estilos que, sem o saber, o conduziram, na opinião dos seus leitores, a um cunho muito pessoal na sua escrita. Publicados estão “Inter Lapidem”, editora Universus, 2011; “O Rio Que Corre na Calçada”, Estremoz Editora, 2014; “O Jardim da Dona Gertrudes” (Infantil), Estremoz Editora, 2014; “A Lenda Desconhecida de Francisco Caga-Tacos”, Estremoz Editora, 2014. Colaborou em várias coletâneas de Contos, das quais destaca “Portugal Profundo” pela reunião de vários autores nacionais.
O Prémio Literário Vergílio Ferreira, instituído pela Câmara Municipal de Gouveia, pretende homenagear o escritor Vergílio Ferreira, bem como incentivar a produção literária, contribuindo desta forma para a defesa e enriquecimento da língua portuguesa.
Para além do reconhecimento do autor e da obra literária vencedora, o prémio terá um valor pecuniário de cinco mil euros e será entregue ao autor em cerimónia pública em agosto de 2020.
No mesmo dia, na mesma sessão, foi assinado o protocolo de constituição da rede “Ler e Partir – Geografias Literárias de Eduardo Lourenço, Eugénio de Andrade e Vergílio Ferreira, entre os Municípios de Gouveia, Guarda e Fundão, com a presença do senhora Diretora Regional da Cultura do Centro, Dr.ª Suzana Menezes.
A assinatura deste protocolo tem como principal objetivo a construção de uma rede em torno dos espaços emblemáticos na vida e na obra destes escritores, respetivamente; Guarda (Eduardo Lourenço e Vergílio Ferreira), Póvoa de Atalaia-Fundão (Eugénio de Andrade) e Melo-Gouveia (Vergílio Ferreira), a que se associarão as casas-museu (Casa da Poesia Eugénio de Andrade e a futura Casa da Palavra Vergílio Ferreira) e as Bibliotecas Municipais: Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira de Gouveia, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço da Guarda e Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade consagradas a estes autores.
Considerando a importância e o valor literário dos escritores Eugénio de Andrade; Eduardo Lourenço e Vergílio Ferreira, o projeto reveste-se de uma natureza multipolar, trabalhando o património material e imaterial de cada município, de uma forma complementar, pluridisciplinar e integrada, reforçando o conhecimento dos escritores, que se notabilizaram pela dimensão estética e força comunicativa das suas criações literárias, nomeadamente através de uma perspetiva que se diferencia pela criação de roteiros literários específicos e por uma rede de cooperação cultural intermunicipal.